abril 26, 2025

******** CHARLTON HESTON: ÉPICO e ATIVISTA



 

O politicamente correto é apenas tirania
com boas maneiras. Uma praga sobre a terra
tão devastadora quanto os gafanhotos
que Deus lançou sobre os egípcios.
É preciso coragem para ser contra 
a doutrinação. A coragem é a face 
admirável da História.
 
Opinar sobre raça não nos faz racistas.
Ver distinções entre os sexos não nos faz 
machistas. Pensar criticamente sobre uma 
religião não nos faz anti-religião. Aceitar, 
mas não celebrar, a homossexualidade,  
não nos faz homofóbicos.
CHARLTON HESTON
 
Cabelos: castanho-claros
Olhos: azuis
Apelidos:  Chuck e Charlie
Altura: 1,98 m

 
 
Uma lenda do cinema. Deixou um legado de grandes clássicos e deu vida a figuras históricas emblemáticas como Moisés, El Cid, Michelangelo, Marco Antônio, João Batista, Andrew Jackson e, acima de tudo, Ben Hur – personagem que lhe rendeu um Oscar. Alto, de feições belamente rudes e voz profunda, seu físico imponente e semblante másculo abriram muitas portas em Hollywood. O dono de um circo em “O Maior Espetáculo da Terra” (1952) foi seu trampolim para o estrelato. Ganhou o Oscar de Melhor Filme, e CHARLTON HESTON (1923 - 2008. St. Helen, Michigan / EUA) seguiu a caminho de uma das carreiras cinematográficas mais memoráveis. Quatro anos depois, o mesmo diretor e o ator se reuniriam em “Os Dez Mandamentos”, épico bíblico que o colocou na vanguarda dos protagonistas. Segundo consta, o veterano realizador Cecil B. DeMille o escolheu porque o achou semelhante a escultura de Moisés feita por Michelangelo. Nunca mais foi esquecido, brilhando em inúmeros outros êxitos.
 
De ativismo conservador, destoava numa Hollywood que nunca escondeu as suas simpatias comunistas. Tornou-se defensor do porte de armas, bandeira que abraçou com fervor. Contra o aborto, exaltava a família, os bons costumes e os direitos dos artistas. Ele foi muito além de um homem comum. Foi Ben-Hur, o indômito judeu que conduziu seu povo a se rebelar contra os conquistadores romanos no filme homônimo. Foi El Cid, o comandante da resistência espanhola contra os invasores mouros, no filme com o mesmo nome do herói. Incorporou, ainda, Moisés, que conduziu os escravos a se libertarem do reino tirano do Egito, na refilmagem de “Os Dez Mandamentos”, e pintou a Capela Sistina, como Michelangelo, em meio a diferenças artísticas com o Papa, em “Agonia e Êxtase”. CHARLTON HESTON foi mais do que um herói do cinema, mais do que um ator de épicos, foi um astro épico! Atlético, determinado, leal e corajoso. “Uma figura heroica incomum no cinema norte-americano”, disse seu agente Michael Levine.
 
heston em el cid
Defendia causas relacionadas com os direitos humanos desde os anos 60, quando apoiou Martin Luther King, a quem chamava de
“um Moisés do século XX”, tendo participado da histórica Marcha de 1963, em Washington, junto com Burt Lancaster, Marlon Brando, Sidney Poitier e Bob Dylan, mostrando uma faixa onde se lia “Todos os homens nascem iguais”. Republicano, bateu boca via imprensa com colegas esquerdistas, entre eles Barbra Streisand, Paul Newman, Robert De Niro, Rod Steiger e Jack Nicholson. Defensor da Segunda Emenda da Constituição, serviu como presidente da Associação Nacional de Rifles (NRA) por cinco vezes, o que resultou no ódio dos vermelhos de Hollywood, para quem ele era a própria encarnação do mal (George Clooney chegou ao absurdo de fazer deboche quando soube que o ator sofria de Alzheimer). Além de lutar pela liberdade de expressão, era opositor ferrenho dos malditos dogmas politicamente corretos.

 
Fez campanha intensa para os candidatos presidenciais de direita Ronald Reagan (1984), George Bush (1988) e George W. Bush (2000). Possuía uma coleção de mais de 400 armas modernas e antigas. Oponente do aborto, participou da introdução em um documentário antiaborto “Eclipse of Reason” (1987), de Bernard Nathanson. Em 2003, recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade. Numa era tão escassa de artistas defensores da liberdade, nunca é demais homenageá-lo recordando sua gloriosa trajetória. Garoto tímido e com poucos amigos, passou a juventude em uma cidade do interior de Michigan. A família mudou-se para os subúrbios de Chicago, onde ele fez parte do grupo de teatro da sua escola. Gostava de fingir ser outras pessoas, resultando em uma bolsa de estudos para um curso de arte dramática na North Western University, onde conheceu Lydia Clarke, com quem se casou em 1944, e logo seguiram para a Broadway, depois dele servir na Força Aérea na Segunda Guerra Mundial.
 
heston e o oscar em 1960
Sua estreia no teatro foi em
“Antônio e Cleópatra”, de William Shakespeare, na companhia de Katharine Cornell, em 1947. A peça foi um sucesso, seguindo-se papéis principais em “Leaf and Bough” e “Design for a Stained Glass Window”. No início dos anos 50, quando a televisão transmitia regularmente dramas clássicos, apareceu em “Macbeth”, “A Megera Domada”, “Servidão Humana”, “Jane Eyre” e “O Morro dos Ventos Uivantes”. Tinha no currículo apenas um filme, “Peer Gynt”, produção independente de 1941, quando os letreiros de Hollywood se iluminaram para ele. O produtor Hal B. Wallis o viu em “Jane Eyre” e o convidou para “Cidade Negra / Dark City” (1950), thriller noir de William Dieterle. Recusou o papel que terminaria sendo de Gary Cooper em “Matar ou Morrer / High Noon” (1952) e de contracenar com Marilyn Monroe na comédia “Adorável Pecadora / Let`s Make Love” (1960) para ser dirigido em uma montagem teatral de Sir Laurence Olivier. Protagonizou o clássico “Ben-Hur” depois que o ateu Burt Lancaster desistiu do cobiçado papel por não querer promover o catolicismo.

 
Muitas maldades foram faladas na mídia socialista na tentativa de macular sua imagem, simplesmente por sua defesa do direito do cidadão em portar armas. No documentário “Tiros em Columbine / Bowling for Columbine” (2002), denunciando o uso de armas, o vigarista Michael Moore tentou constranger CHARLTON HESTON em sua própria casa. Na época, o ator idoso já sofria os primeiros sintomas do Alzheimer. O diretor democrata, numa suja armadilha, procurou provocá-lo falando sobre a morte de uma menina por causa de uma arma. O ator se levantou e abandonou a entrevista. Embora o astro conservador e o democrata Kirk Douglas divergissem na política eram amigos muito próximos. Douglas declarou que nunca perdoaria Michael Moore pela maneira desumana como tratou seu amigo. Clint Eastwood, republicano e defensor das armas, enviou uma mensagem a Moore: “Se você chegar perto da porta da minha casa, eu o mato”.
 
Entre um filme e outro, ele encontrou tempo para continuar sua carreira no palco estrelando “O Homem que Não Vendeu sua Alma”, de Robert Bolt; “As Bruxas de Salem”, de Arthur Miller; “Macbeth”, com Vanessa Redgrave; “Longa Jornada Noite Adentro”, com Deborah Kerr; “O Mistério do Forte Vermelho”, “Chaga de Fogo” e “A Nave da Revolta”. Seu último papel no teatro foi ao lado da esposa em “Cartas de Amor”, em Londres, 1999. CHARLTON HESTON trabalhou em prol das artes. Presidente do conselho do Center Theatre Group em Los Angeles e membro do Conselho Nacional de Artes, presidiu por sete mandatos o Screen Actors Guild. Presidente do American Film Institute, foi escolhido pelo presidente Ronald Reagan para co-presidir a Força-Tarefa da Casa Branca para Artes e Humanidades. Em 1967, recebeu o Prêmio Cecil B. DeMille no Globo de Ouro. Dez anos depois, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas o homenageou com o Prêmio Jean Hersholt por suas atividades humanitárias.

margaret thatcher, reagan e heston
Entre todos os seus filmes, considerava o faroeste
“...E o Bravo Ficou Só / Will Penny” (1967) o seu preferido e “Catástrofe nas Selvas / The Call of the Wild” (1972) seu pior filme. Dos diretores com quem trabalhou, gostou principalmente da experiência com Orson Welles. “Welles é um dos poucos talentos autênticos no ramo”, afirmou. Laurence Olivier, Gregory Peck e Burgess Meredith eram seus atores favoritos e Susan Hayward, Ingrid Bergman, Judith Anderson e Viveca Lindfors as atrizes que mais admirava: “Todas elas profissionais de ponta – e sem frescuras”. Gostava de música clássica. Leitor voraz por natureza, costumava pesquisar as figuras históricas que frequentemente interpretava e os períodos que seus filmes refletiam. Recusou o papel do delegado de polícia Martin Brody em “Tubarão / Jaws” (1975). Descartou também “A Profecia / The Omen” (1976) e a comédia de Steven Spielberg “1941: Uma Guerra Muito Louca / 1941 (1979), por considerar que insultava os veteranos da Segunda Guerra Mundial.

 
Nos anos 80 e 90, trabalhou mais em teatro e na TV, com participações especiais em séries, documentários e filmes. Sua derradeira atuação no cinema foi em 2003, no brasileiro “Meu Pai / My Father, Rua Alguem 5555”. Os últimos anos de vida de CHARLTON HESTON foram marcados pelo mal de Alzheimer. Faleceu no dia 8 de abril de 2008, em sua casa, em Beverly Hills, Los Angeles. Além da esposa, com quem foi casado por 64 anos, deixou dois filhos e três netos. Um dos filhos, Fraser Clarke Heston, é diretor de filmes e atuou como Moisés bebê em “Os Dez Mandamentos”. O seu funeral contou com centenas de pessoas, incluindo a ex-primeira-dama Nancy Reagan, Arnold Schwarzenegger, Olivia de Havilland, Pat Boone, Tom Selleck e Oliver Stone.
heston e a esposa lydia
FONTES
“Charlton Heston: an Incredible Life” (2008)
de Michelle Bernier
 
“Charlton Heston: Hollywood's Last Icon” (2017)
de Marc Eliot
 
“In the Arena: an Autobiography” (1995)
de Charlton Heston
 
john derek, heston e vincent price em os dez mandamentos
TREZE FILMES de CHARLTON HESTON
(por ordem de preferência)
 
01
BEN-HUR
(Idem, 1959)

direção de William Wyler
elenco: Jack Hawkins, Stephen Boyd, Haya Harareet,
Hugh Griffith, Martha Scott, Cathy O´Donnell,
Sam Jaffe e Frank Thring
 
Oscar de Melhor Ator
David Di Donatello de Melhor Ator Estrangeiro
 
02
A MARCA da MALDADE
(Touch of Evil, 1958)

direção de Orson Welles
elenco: Orson Welles, Janet Leigh, Marlene Dietrich,
Joseph Calleia, Akim Tamiroff e Zsa Zsa Gabor
 
03
Os DEZ MANDAMENTOS
(The Ten Commandments, 1956)

direção de Cecil B. DeMille
elenco: Yul Brynner, Anne Baxter, Edward G. Robinson,
Yvonne De Carlo, Debra Paget, John Derek,
Cedric Hardwicke, Nina Foch, Martha Scott,
Judith Anderson e Vincent Price
 
04
Da TERRA NASCEM os HOMENS
(The Big Country, 1958)

direção de William Wyler
elenco: Gregory Peck, Jean Simmons, Carroll Baker,
Burl Ives e Charles Bickford
 
05
EL CID
(Idem, 1961)

direção de Anthony Mann
elenco: Sophia Loren, Raf Vallone, Geneviève Page,
Hurd Hatfield e Frank Thring
 
06
FÚRIA do DESEJO
(Ruby Gentry, 1952)

direção de King Vidor
elenco: Jennifer Jones, Karl Malden
e Josephine Hutchinson
 
07
O ÚLTIMO GUERREIRO
(Arrowhead, 1953)

direção de Charles Marquis Warren
elenco: Jack Palance, Katy Jurado e Brian Keith
 
08
TRÁGICA EMBOSCADA
(The Savage, 1952)

direção de George Marshall
elenco: Susan Morrow
 
09
O MAIOR ESPETÁCULO da TERRA
(The Greatest Show on Earth, 1952)
 

direção de Cecil B. DeMille
elenco: James Stewart, Betty Hutton, Cornel Wilde,
Dorothy Lamour, Gloria Grahame e Henry Wilcoxon
 
10
O PLANETA dos MACACOS
(Planet of the Apes, 1968)

direção de Franklin J. Schaffner
elenco: Roddy McDowall, Kim Hunter, Maurice Evans,
James Whitmore e Linda Harrison
 
11
No MUNDO de 2020
(Soylent Green, 1973)

direção de Richard Fleischer
elenco: Edward G. Robinson, Leigh Taylor-Young
e Joseph Cotten
 
12
AGONIA e ÊXTASE
(The Agony and the Ecstasy, 1965)

direção de Carol Reed
elenco: Rex Harrison, Diane Cilento, Harry Andrews,
Adolfo Celi e Tomas Milian
 
13
HAMLET
(Idem, 1996)

direção de Kenneth Branagh
elenco: Kenneth Branagh, Julie Christie, Derek Jacobi,
Kate Winslet, Richard Attenborough, Judi Dench,
e Gérard Depardieu
 
heston em ben-hur
“Charlton é o ator ideal para o épico. Além de seus atributos físicos, ele pode manejar um cavalo, uma espada, uma carruagem, uma lança, qualquer coisa, como se tivesse sido feito para isso. Ele é incrível. Coloque uma toga nele e ele ficará perfeito.”

ANTHONY MANN
diretor de “El Cid”
    
GALERIA de FOTOS
 
heston e o presidente dos EUA ronald reagan